quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Poemas...de Amor...por José Saramago



Nascemos para amar; a Humanidade

Vai, tarde ou cedo, aos laços da ternura.

Tu és doce atrativo, ó Formosura,

Que encanta, que seduz, que persuade. 


 
José Saramago

Enleia-se por gosto a liberdade;

E depois que a paixão na alma se apura,

Alguns então lhe chamam desventura,

Chamam-lhe alguns então felicidade.



Qual se abisma nas lobregas tristezas,

Qual em suaves júbilos discorre,

Com esperanças mil na ideia acesas.



Amor ou desfalece, ou pára, ou corre:

E, segundo as diversas naturezas,

Um porfia, este esquece, aquele morre.


Bocage, Sonetos

Química

Sublimemos, amor. Assim as flores

No jardim não morreram se o perfume

No cristal da essência se defende.


Passemos nós as provas, os ardores:

Não caldeiam instintos sem o lume

Nem o secreto aroma que rescende.



José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"